domingo, 17 de março de 2013

CHÁ DE CADEIRA ... QUANDO SE ESPERA DEMAIS...


Chá de Cadeira... Chá para mim, remete a ideia de que estou doente, por mais que a Rainha da Inglaterra, Britanicamente tome ás 5 da tarde. Longe da visão Elizabetana, acho que chá é uma coisa sem graça e não vejo sabor nele, por mais que eu sempre teimosamente experimente, quando me oferecem um novo sabor e sempre decepciono com isso. Se chá fosse uma coisa boa, não existiria a expressão chá de cadeira. Tem coisa mais chata que esperar uma pessoa, seja numa consulta médica ou numa entrevista de emprego? Não. Lá pelos idos dos anos 80, tomei um chá de cadeira com a minha colega de classe, Gisele. Acho que sempre fui atrevida, sempre fui de encontro o que precisava para ter o que eu queria. Nessa época, estava no 1o. ano Científico no Colégio Batista Mineiro. Recebi a incumbência de achar figurino para uma apresentação teatral. Não conseguia em lugar nenhum. Depois, de revirar a cidade, eu tive a ideia de telefonar para a casa do diretor de teatro Pedro Paulo Cava, que me atendeu com educação e paciência. Penso hoje,que ele deve ter achado inusitado, uma garota de 14 anos ligar para casa dele , pedindo desculpas e contando a história do teatro da escola, como se aquilo fosse uma produção hollywoodiana. Ele me deu a dica de usar o nome dele para ir até ao Palácio das Artes,  e procurar o Raul Belém Machado, que eu sabia a importância sem nunca ter o conhecido. Não pensei nem uma vez , fui, com a cara e a coragem. Chegando lá, me deparei com a secretária, que mesmo usando o nome do Pedro, me dispensou. Eu, na minha veemente arrogância adolescente, não me fiz de rogada, disse a secretária , que se ele entrou na sala dele, uma hora ele tinha que sair e eu ia esperar para falar com ele. E assim, tomei um chazinho bom de cadeira. Mas, valeu porque o Raul Belém Machado, perguntou o que a gente queria e nos levou num tour pelos caminhos subterrâneos do teatro, fomos as primeiras a ver o figurino que eles tinham comprado para uma ópera. Ele deixou a gente com uma camareira e disse que ela emprestasse o que a gente escolhesse. Até hoje, quando lembro disso , me emociono porque graças a uma pessoa que empenhou seu nome sem nem me conhecer, conheci o Raul Belém Machado,os figurinos antes de todos e ainda lugares que poucos mineiros já foram, valeu demais!! Foi a única vez que um chá de cadeira teve sabor de sonho, de emoção. Sou grata demais ao Pedro Paulo Cava, e acho que depois de 30 anos ele nem deve lembrar o bem que ele fez para  duas colegiais, que tinham vontade de ser atrizes e na peça da escola eram produtoras, com papeis pequenos. A vida é assim, tem vezes que acontecem coisas para testar a perseverança da gente, ás vezes a gente toma chá de cadeira para se levantar confiante e seguir em frente e fazer feliz o que tem para ser feito. São nesses momentos de espera, que  a gente pode encontrar gente que é gente da melhor qualidade,  que faz a gente perceber que vale a pena acreditar nas pessoas, no sonho , na vida. Gente que faz da vida seu palco e que merece o aplauso mais caloroso. A vida é um palco que a gente pode atuar e fazer o nosso show todo dia e de vez enquando,  mesmo num chá de cadeira, assistir exemplos espetaculares, que a gente leva como tesouros pela vida inteira. A vida está aí, para gente fazer valer !! Bravo, Bravíssimo!! Viva a vida!!

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