segunda-feira, 18 de fevereiro de 2013

FAZER BARRACO... ARTE DE FAZER ESCANDALO

Fazer barraco...Vai parecer que é uma história ou cena de novela,também pensaria isso se não tivesse acontecido comigo. Lá pelos idos dos anos de  1988/89, mensalmente , minha família ia ao shopping. Não para ver as loja e sim porque saia mais barato comprar no supermercado de lá. Eu podia nesse dia ''matar ''aula na faculdade para isso. Era um acontecimento esperado. Uma dessas vezes enquanto  meus pais e meus irmãos colocavam coisas no carrinho, fui dar uma olhada nas loja e fazer um lanche.Como eu tenho síndrome de boa samaritana, Madre Teresa de Calcutá, atraio acontecimentos em que preciso exercitar meu senso de ajudar e servir as pessoas. Na volta do lanche , a caminho do supermercado, encontrei um menino de no máximo 3 aninhos, perdido da mãe. O menino, sei lá porque veio me pedir ajuda , fui escolhida na multidão. Ele me disse que tinha se perdido do irmão e da mãe e que o pai estava no shopping, só não sabia onde porque o pai tinha ido numa loja e a mãe, ele e o irmão na outra. Pois, bem, peguei o menino e fomos para administração do shopping. Pena , que não tem um lugar para que a gente coloque crianças perdidas, um achados e perdidos de criança.Pedi que a locutora chamasse a mãe do menino, pelo auto falante e assim ela fez uma centena de vezes sem resposta. Por incrivel que pareça, a criança estava tranquila e até tinha ideias para que  se a mãe não o buscasse, ele tinha o endereço de casa e o telefone estava no catálogo no nome do pai,ele disse. Falou que se a gente ligasse para o pai, o pai o buscaria. Detalhe, naquela época telefonia móvel era somente coisa de filme. Fiquei lá pelo menos umas 2 horas e meia. Eu e o menino, de vez em quando a locutora, e a moça da recepção.Olhava o relógio e faltava menos de 15 minutos para fechar o shopping. Pensava na bronca que eu ia levar do meu pai.  Eu quase estava acatando a ideia do menino de levá-lo comigo e depois no dia seguinte chamar o pai  para buscar. E eu, preocupada com meus pais, tudo estava demorado demais. e depois de umas 3 horas,  que eu estava na administração, a mãe aparece. Eu esperando uma cena de filme, o menino correndo para abraçar a mãe e ela por traz do abraço balbuciando  para mim, um muito obrigada. Mas, infelizmente a vida não é um filme , ou a realidade não é um sonho. A mulher me olhou como se eu fosse culpada, se eu tivesse sequestrado o garoto.  E ai, a madame, chique, fina, com suas roupas caras , começou a me xingar e perguntou:- Cadê o outro, Cadê meu outro filho? E eu:- outro? Que outro, uai,. só tinha um . Ela começou  a gritar :  Onde você enfiou o outro, sua incompetente? Não se faça de boba !!! Eu que não sabia de nada , disse: Eu não sei do outro não!olha, aqui, dona, eu tenho que ir , tá ?Esse ai está entregue, se a senhora pedir a moça chama no auto falante. E a mulher me bloqueou  a saída começou a me xingar de tudo quanto era nome feio, me chamando de incompetente na maior altura, como se eu fosse a babá dos filhos dela. Doida de pedra, rsrsr!!Nessa hora, o pai chega e olha para mulher quase voando em cima de mim, me xingando, agindo como maluca , ele  a segura e diz : Cadê o Lippy?A mulher, joga a culpa em mim e diz que eu só tinha devolvido um. Então, eu  disse ao homem que tinha achado seu filho, que ele tinha me pedido ajuda e que estava indo embora porque senão eu ia levar chumbo dos grossos, se eu não estivesse pronta quando o meus pais chamassem para o carro.O homem me pediu desculpas me agradeceu , me abraçou, depois,  ficou de cócoras em frente ao filho  e  disse:Ô meu filho, que susto!!você está bem? E a mulher me xingando e xingando o marido. Aí, o marido num berro digno dos maiores generais:- Calada!!A culpa é sua, agora pede desculpa, a agradece a moça.Não tem vergonha ,não,?Fazer um escândalo desses, e ainda tratar as pessoas desse jeito... Vamos procurar o Lippy!! A mulher agradeceu, como se estivesse me xingando, não pediu desculpas e ainda falou que o marido estava me dando bola, que ele estava defendendo a sirigaita. E de repente ... o Lippy aparece e a famlia se reune  Aí a mãe  quase mata o menino de tanto gritar com ele.Então ele conta como se perdeu, enquanto ela estava na cabine experimentando roupa, ele estava de fora da loja como ela pediu ,se destraiu com a vitrine, quando ele olhou em volta o irmão tinha sumido. A mãe diz para Lippy como ele era irresponsável e desobediente, que ele podia ter sumido de vez,  porque assim  ela ia ter a vida dela de volta. O homem tentava em vão fazer mulher falar mais baixo, fazer a mulher parar e ir embora. Ela me olhou com muito ódio, enquanto pai me olhava agradecido e por tras da mãe, fazia gestos e balbuciava que ela era doida. O que pensar de tudo isso? Nem sei... Que dinheiro não compra educação, classe, finesse? Que existe muita gente doida e egoista nesse mundo?Que quem mora em mansão sabe fazer barraco? O fato é que quando a gente pratica o bem, simplesmente faz, como se fosse beber água, a gente não espera retorno. Mas, a mulher me pareceu que estava até feliz por perder os filhos. Vai saber... Vai ver que ela era doida mesmo, não sei. Enquanto ia  de volta para casa fui olhando a paisagem urbana e pensando naquela família, duvidando ,se devolver o menino era a coisa certa, com uma mãe doida daquelas. Levei comigo o olharzinho do menino me pedindo proteção , ajuda, ao mesmo tempo ele ficou tão sereno, calmo, não se desesperou em nenhum instante, ficou sem chorar e até bolou um plano B, caso não aparecesse ninguém para pegá-lo.Verdade é que aprendi demais com o menino, que confiou tanto em mim que se sentiu seguro. E na segurança, teve paz, teve sobriedade para raciocinar e não se deixar envolver com a situação toda, ficou adultamente lúcido, emocionalmente equilibrado, mal sabia ele que ele me fazia sentir segura do lado dele, enquanto aquela maõzinha quente segurava a minha mão.   Mesmo com todo o transtorno que mãe dele me causou, ainda senti que tinha feito o que tinha a fazer. Detesto barraco!! Hoje, passados mais de 20 anos, penso que a gente tem que ser assim com DEUS, como o menino confiou em mim plenamente, segurou a minha mão e pensou , tão bem pensado, em nenhuma hora ele titubeou, entregou e pronto!! Dependeu de mim e aceitou minha ajuda, sem pensar que algo podia dar errado,  simplesmente, acreditou que acontecesse o que acontecesse, eu ia achar a familia dele e o devolveria em paz.O tempo da gente ter um relacionamento assim com DEUS é hoje. Não é uma religião, é uma relação verdadeira, de entrega e confiança. A vida é agora!! Barraco não compensa!! A vida é muito curta para a gente se desgatar tanto  por tão pouco. A ira é um sentimento que pode ser dominado, a raiva e toda agressividade também . Antes do Barraco, tem sempre alguns segundos, que se a gente respirar fundo , beber um copo d´água, a gente desiste  dele, e é poupado do vexame. Na vida, a gente não tem opção de não viver...Então, é segurar na mão de DEUS e ir, acreditando que aconteça o que acontecer,a gente está nas melhores mãos.Viva a vida !!

Nenhum comentário:

Postar um comentário