quinta-feira, 18 de abril de 2013

ONDE HÁ FUMAÇA HÁ FOGO ...JULGANDO PELAS APARENCIAS...FOGO NEM SEMPRE É INCENDIO

Onde há fumaça há fogo...Essa expressão diz respeito as pessoas aos problemas que elas podem arranjar com julgamentos precipitados. Para que julgar o fogo e a fumaça é bom que se tenha noção do tamanho,um fósforo, pode acender uma vela e também o pavio de uma bomba, é fogo , faz uma fumaça cada qual nas devidas proporções. Quando eu era pequena, ia quase todo sábado na casa dos meus bisavós paternos. Eles moravam numa chácara na periferia de Belo Horizonte, Na frente tinha um jardim com margaridas e rosas, e uma garagem muito grande cabia mais de 10 carros. Na porta da frente, tinha uma varanda com algumas cadeiras, uma alpendre pequeno com piso vermelho. Dentro da porta tinha uma sala, que criança naõ podia entrar, era um lugar quase sagrado,ninguém entrava lá,eu ás vezes, para me livrar do barulho ia para lá. Nessa sala além do silencio, tinha um tapete peludo, um sofá branco de couro, pufes de couro igual ao sofánas cores branco e preto, uma mesa de centro e um quadro de uma floresta com veados aveludado, que eu pensava que era cenário da estória do Bambi. Entrávamos pela lateral, lá tinha uma copa, a cozinha de dentro, depois uma sala com uma grande janela , que dava vista para o viveiro de pássaros , os quartos dos bisos e também da familia da minha tia que morava com eles. Num um terreno enorme, com mais de 30 pés de jabuticaba, jaca, uma oficina, uma floresta amazonica ,um viveiro de peixe pequeno, galinhas, codornas, um viveiro de passarinho bem grande, que ficava do lado oposto da cozinha  que ficava do lado de fora da casa ,onde tinha um fogão a lenha e um monte de tachos, lugar proibido e por isso atraente para mim. Na cozinha da bisa, de dentro da casa, a gente podia até transitar, para ir a copa ou quando o biso fazia ovo de codorna e eu ficava esperando,  e era ele  quem levava uma reprimenda. Mas, quando eu seguia a fumaça, e ia ver o que tinha na cozinha de fora... noooossa! A coisa pegava fogo para o meu lado. Eram  as primas da minha avó, uma das tias do meu pai, a minha avó,a minha bisavó e a minha tia , todas falando numa velocidade tão rápida que só quem é mineiro e da família do meu pai conseguiria entender . Eu entendia, mas  responder , retrucar ,não me atrevia, porque a minha mãe me colocava de castigo, se eu respondesse. Apesar de detestar o cheiro, eu gostava sentir o calorzinho, a quentura que vinha dali, de ver o tacho de cobre, aquelas muitas panelas que brilhavam  dispostas e expostas na prateleira da parede, o biscoito de polvilho fritando,o enorme bule de café todo preto, as panelas pretas na trempe, a linguiça pendurada em cima  para defumar com a fumaça do fogão. Mas, como já disse era muito barulho e ao mesmo tempo muito encantamento  para uma pobre menininha magrela, de 3 anos. Toda vez que eu punha a cabeça para dentro daquele cômodo encantado o fogo e a fúria das mulheres da casa  sapecava em mim, rsrsr. Lembro do dia que eu pude entrar lá e ninguém me notou, ninguém fez barulho, ninguém ralhou comigo. A Casa estava tão cheia!! A casa estava  com tanta gente e chegava cada vez mais gente. Eu pude entrar lá,custei mas, abri a porta pesada de madeira maciça, fiquei  a vontade para  mexer em tudo e ninguém fez barulho, a cozinha estava vazia, estava fria, estava limpa demais e sem fumaça.Nela não tinha nenhuma quitanda, não tinha mais biscoito frito, não tinha mais bisa. Depois daquele dia, quase nunca ia lá na casa dos bisos. Quando ia era muito diferente, a casa vazia, meu biso não ria mais, não me fazia ovo de codorna . Depois que a cozinha ficou fria, quase imediatamente, o biso começou a caduçar, aí nem me reconhecia.Meses depois, de novo a casa encheu, e o único lugar que tinha silencio e ficou vazio, foi a sala da frente, onde tinha o quadro do Bambi, eu fui lá, desafiando a todos e de novo ninguém fez barulho, ninguem veio me tirar de lá. No quarto do biso, um alvoroço, falavam de um balão de oxigênio que não estava adiantando, então, eu vi o biso parar de respirar e o povo que estava no quarto sair chorando, espalhando tristeza pela casa cheia. Até hoje, mesmo tendo visto a casa cheia, ela estava tão vazia... Tenho uma lembraça boa da fumaça, do ovo  de codorna, da casa dos meus bisavós. Hoje, já crescida, penso no quanto  a vida é feita dessas coisas pequenas que ninguém pode tirar, dessas lembranças na memória, desses legados que são passado tão presente , que  quando se conta , compartilha as histórias, que  gente guarda,  eterniza a nossa história,passa adiante o que está dentro da gente. Para mim, sempre teve fogo quando via a fumaça do fogão a lenha, rsrsr. Pensando bem, vida é agora, a gente tem que curtir a nossa curta vida, antes que o fogo dela se apague. A vida é muito breve, é  como fumaça, por isso a cada momento tem que ser vivida e sorvida , simplesmente saboreada, sem tempo marcardo , sem hora , sem correria , sem pressa ...  Viva  a vida!!

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