Em caso sofrimento, susto, estresse ou
coisa parecida, tem sempre alguém que se lembra de um remédio para qualquer
mal: água com açúcar. Também ,quando se
vê um filme , que não é “grandes coisas”, geralmente, um romance, diz-se logo
que o filme é água com açúcar. Mas, eu nunca me esqueço de um fato em que água com açúcar, foi solução para lágrimas
sentidas em um bloco cirúrgico.
Lá pelos anos de 1996, fazia estágio de instrumentação
cirúrgica , e uma das inúmeras operações que eu instrumentei ,me marcou
profundamente , pela história de vida do paciente.
Ele era um menino franzino, tinha no
máximo 12/13 anos. Pobre , tinha parado de estudar para ajudar em casa.Ganhava
meio salário mínimo, trabalhava horário integral, numa fabriqueta de
chinelos. Estava faltando aquele dia,
tinha se acidentado numa das máquinas e quase perdera a mão . O patrão em nada
se manifestara, a não ser , para lhe descontar os dias que não compareceria ao
trabalho.
Assustado, na mesa de operação, o menino
tentava bravamente, ser forte. Mas lágrimas e soluços venciam a batalha
cruel . Incomodado, com a excitação do garoto, o anestesista, fazia uma
sabatina, perguntando amenidades, só para distrai-lo. Porém, era vã a tentativa
, quanto mais assunto , o anestesista puxava , mais o garoto se agitava, contando sua triste
vida. De repente, lembrava da mãe, da ajuda que não poderia dar a ela, do dia que ela estava perdendo, e que
mesmo assim, eles iriam embora de táxi. Nessa hora, houve um sorriso sofrido,
alegre e triste ao mesmo tempo.
Vencido e comovido, o
anestesista , pergunta ao menino: - “O que eu posso fazer para que você se
acalme? Pede , que eu te dou.”
Engolindo
o choro , o garoto responde: - “Eu queria mesmo, moço, pra acalma os “nervo” , água com açúcar.”
Surpreso, o médico deixou de lado todo seu
“know how”, deu ao menino uma bisnaguinha com glicose . Explicando, antes , que
era como se fosse um “chup –chup” de
água com açúcar.O menino sorveu a glicose como quem ansiava adoçar sua vida, depois, exausto,
adormeceu. O médico sentiu-se feliz,ao
ver que o garoto finalmente, descansava.
E, eu que tudo assisti, desejei que o
garoto tivesse doces sonhos e que dali para adiante ele tivesse uma doce vida.
Aprendi,naquele dia, com o médico e o menino, que na vida da gente, o
importante é a gente ter água com açúcar
dentro do coração. Viva a Vida !!
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